Confissões

Nostalgia... sombras e segredos.

A muito desejei que as palavras me dessem um motivo .

Que houvesse uma razão para os dias que me condenam.

Contemplei diversas faces alegres e tristes no decorrer da minha vida.

Aprendi muito sobre dor, compaixão, saudade, luxúria e sobre o amor.

Espero muito desta vida, apesar de tudo.

As vezes me vejo mergulhado em um marasmo que deixaria muitos loucos.

Eu não me importo.

Em minha vida, sempre pedi que as coisas fossem difíceis, gosto do gosto da vitória árdua.

Não sou um sádico, não sou um masoquista. Gosto de lutar. Quero vencer as batalhas.

As coisas fáceis não me agradam. Nunca tive nada de graça.

Tudo que tenho veio do meu suor, do meu sangue e, algumas coisas, das minhas lágrimas.

Lágrimas... a muito não sei o que são.

Quando comecei a escrever, pensei que meus sentimentos seriam refinados.

Uma pedra bruta a ser lapidada, o meu sentir.

Tenho me fechado para as pessoas cada vez mais. Tenho medo. Sempre tive.

Tenho algumas confissões a fazer.

Eu menti. Sussurrei palavras que nunca significaram nada para mim. Deixei que alguns queimassem pôr egoísmo meu. Somos todos assim, somos pecadores, somos aqueles monstros que julgamos ver nos outros. Eu fiz isso. Me tornei um mentiroso. Corrompi minha alma e queimarei no inferno pôr isso. Eu sei...

Eu cobicei. Queria alguém junto a mim mesmo sabendo que ela pertencia a outro. Coisas da vida. Não me achava culpado...meu desejo me tornou cego. Hoje vejo... meus pecados estão muito claros para mim. Eu pagarei... eu pago a cada dia ao sentir o perfume dos seus cabelos.

Eu amaldiçoei. Praguejei mil vezes e não me arrependo disso. Eu não me importo. Eu vou queimar, todos queimaremos...

Nunca fiz mal a ninguém...penso com a minha eterna consciência limpa.

Sou virginiano. Sou a pedra que trará a destruição àqueles que se jogarem contra mim.

Eu vejo, eu sinto... sei um pouco sobre a natureza humana. Mais do que queria. Mais do que deveria. Quase sempre acerto sobre minhas previsões. Não sou nenhum mago, antes fosse. Eu erraria menos. Me feriria menos.

Gostaria de saber se Deus joga seus dados em nossas vidas. Se existe uma razão para tudo que passamos. Se tudo isso é sorte ou acaso doentio. Se somos nós que ditamos nossas vidas ou não.

Nossas vidas são como os rios. São como os mares.

Os eventos de nossas vidas são como as ondas. Inesperadas, mutáveis, imprecisas e ao mesmo tempo perfeitas.

Escrevo, escrevo, escrevo... tudo vem a minha mente. Momentos de ternura, sonhos perdidos, pessoas que ficaram pelo caminho...

Uma vez me perguntaram "O que você deseja da vida, meu rapaz ? " e eu disse sem pensar muito. Eu quero PAZ. Uma palavra. Simples, pequena e tão distante, tão inacessível. Paz, impossível. O que é ter paz ?

Se redimir de seus pecados e descansar com a cabeça no colo de quem se ama ? Talvez.

Olhar aqueles olhos lindos e castanhos, que te levariam ao céu se fosse preciso, e dizer que seu coração está em suas mãos ? Certamente.

Andei pôr entre aqueles que nada querem e penso ter me tornado como eles. Impuro. Sem vontade.

Tenho muito a refletir. Os fantasmas me atormentam. Tenho que falar com eles. Tenho algo a discutir. Medos a vencer e deuses a desafiar. Talvez seja o sentido que tanto procuro.

Quem sabe, descubra tudo no fim...

Por Ricardo Figueiredo

Rio, 08/02/98

 

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