Olhos cor de âmbar...

O sol a pouco se pôra.

Os últimos momentos de luz clamam por repouso.

O frio chega trazendo a dor da solidão.

Um copo oferece conforto.

Palavras ditas e escritas vagam sem sentido.

Sob o severo machado do crítico entrego palavras de carinho e afeto.

Um sonho caminha para o despertar.

A realidade conforta como uma faca nas costas.

Lágrimas teimam a regar uma face linda, porém triste.

Olhos cor de âmbar procuram por sentido onde não há.

Perguntas continuarão sem respostas.

Um farfalhar de vozes sem sentido terminam o que jamais deveria ter sido iniciado.

Em pouco tempo o sol nascerá e tudo estará terminado.

O que parecia sonho torna-se realidade.

Vão-se os últimos momentos de alegria.

Sob o fulgurante nascer do sol, lágrimas secam.

Mais um dia. Menos um dia.

Tive sonhos. Me lembro dos pesadelos.

Penso em estrelas. Queria uma delas no meu céu...

Penso no futuro. Talvez ele jamais me chegue.

Penso na presente. Escrevo o que sinto.

Havia perdido o dom. Talvez não tivesse a inspiração.

Penso nela e sinto-me calmo. Acho o motivo.

Espero um veredicto.

Clamo por serenidade. Penso, sinto, adoro.

Vejo estrelas cadentes. Peço algo que me dói.

Amaldiçôo pessoas que desconheço.

A dor vem em ondas de frio e angústia.

A angústia da espera. Angústia tem um cheiro doce.

Doce como o seu aroma na noite. Flores invejam sua passagem.

Vivo, porém deliro com coisas sem sentido.

Penso nas coisas que não acorrem. Sonho. Sofro e divago.

Trabalho sob o torpor do teu aroma.

Clamo por um sorriso que tarda.

Fecho meu dilema com selo de charme.

Talvez um dia eu compreenda. Talvez seja feliz também.

Caminho por lugares distantes só pensando em você.

Sonho com lugares que jamais estive. Sua presença me acompanha.

Sua ausência me leva de volta a noite escura e silenciosa.

Lá permaneço. Clamo por um sinal.

Recebo o frio. Adormeço com ele.

Jogo com anjos e demônios. Vago sem direção. Um pária...

O sol talvez brilhe amanhã. Amanhã aguardo um sinal.

Hoje, finalizo, porém escrevo...

 

Por Ricardo Figueiredo

Rio, 04/08/97

 

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