EU
Era uma vez um alguém...
Perdido entre os sonhos desfeitos e as ilusões de um passado que a muito se fora.
A muito tempo atrás um alguém sonhou com o desejo de voar.
Passar pelas nuvens que cobriam o céu azul. Ocultavam o sol.
Percorrer o mundo na esperança de saber mais sobre si mesmo.
As noites lhe traziam a solidão que o dia havia negado.
Na escuridão encontrava a paz que na luz não conseguia achar.
Nas folhas escritas deixava suas estórias, seus contos sobre passado, presente e futuro.
As pessoas o cercavam na busca da convivência, suas palavras levavam a felicidade a seus corações.
A escuridão mostrava que tudo era aparência. Tudo não passava de ilusão.
Uma vez ele me contara que tudo que queria na vida era ter o passado de volta.
Viver não era suficiente. Queria mais, muito mais.
Na juventude ele pôde amar. Na adolescência sentiu seu coração ascender, passar a ser livre.
Tudo começou com a beleza dos olhos castanhos. Fixação. Delírios e tristezas.
O que é o sol ? Estrela mãe que faz com que nossas vidas continuem.
O eterno recitar fez de um alguém um poeta.
Das palavras choradas, folhas foram preenchidas com dor e alegria.
Duetos foram cantados, maldições rogadas e paixões esquecidas.
Dentro de todos nós existe este alguém.
Somos sofredores e poetas, somos anjos e demônios.
Queremos estar no topo da montanha e ver o sol brilhando sobre as nuvens da incompreensão.
Beber do copo do esquecimento e tragar o tabaco da inconsciência. Divagar.
Se este alguém for você, parabéns, pois este alguém também sou eu.
Somos nós, loucos e poetas. Bêbedos e boêmios.
Sonhamos acordar deste sonho que a vida nos traz, sonhamos para acordar desta ilusão.
Queremos ser um alguém. Queremos ser eu e você.
Queremos que tudo termine para que, daí em diante, possamos recomeçar...
Por
Ricardo FigueiredoRio, 25/06/98